UMA VITÓRIA POR 24-17 FOI O RESULTADO JUSTO DO ENCONTRO QUE OPÔS PORTUGAL À ROMÉNIA, no primeiro jogo do Campeonato da Europa das Nações de 2011, abrindo excelentes perspectivas quanto ao futuro de Portugal na competição.
Os três ensaios marcados por Portugal que ditaram a terceira vitória da história do rugby luso frente aos romenos – e aquela que teve maior expressão, já que as duas anteriores aconteceram apenas por um ponto de vantagem – pecou apenas por escassa, já que apesar do maior poder dos carvalhos nas formações ordenadas, quem dominou o sector avançado foram mesmo os portugueses, quer defendendo de forma a não permitir a conquista da linha de vantagem por parte dos visitantes, mas também pela contínua pressão que aplicaram sobre os adversários, com constantes raides onde os romenos menos esperavam – pelos avançados.
Portugal começou bem com um ensaio de Pedro Silva logo na primeira bola de jogo, com uma sucessão de pontapés para lá e para cá, que o centro português aproveitou da melhor maneira – tirando partido da dificuldade de movimentação das linhas atrasadas romenas – e marcando entre os postes.
A transformação de Joe Gardener foi simples, o mesmo se não podendo dizer da penalidade que ele transformou a cerca de 55 metros dos postes, com uma facilidade que dá crédito à sua condição de grande pontapeador.
Mas foi só aos 22 minutos de jogo que a sorte se mostrou lançada, quando António Aguilar na conclusão de um movimento que começou na nossa área de 22, marcou o segundo ensaio português, e quatro minutos depois, aos 26, quando Frederico Oliveira aproveitou uma falha técnica do ataque romeno, mais uma vez junto aos nossos 22, e correu todo o campo para marcar o terceiro ensaio dos Lobos, mais uma vez transformado por Gardener.
Com o intervalo a chegar com os portugueses na frente, com uma vantagem muito apreciável (24-3), atravessou o Universitário a sensação de que poderia ser um resultado memorável.
Mas a segunda parte chegou e apesar do ritmo de jogo se manter na mesma, com os romenos a tentarem forçar o jogo pelos poderosos oito da frente, mas sem conseguirem quebrar a linha de defesa nacional, foram ainda os Lobos que perderam as duas mais claras oportunidades de marcar, quando Vasco Uva se deixou placar, já com as bancadas todas de pé, e perdeu um ensaio feito, e quando na melhor jogada dos Lobos em toda a partida, um avant infantil, deitou por água abaixo a ocasião.
Os romenos subiram de rendimento e acabaram por marcar dois ensaios tranformados, que reduziram os números aos finais 24-17, podendo os visitantes dar-se por muito felizes do ponto de bônus que levaram de Lisboa, e da tareia que não levaram, mas estiveram na eminência de sofrer.
Quanto à segunda metade do segundo tempo, vieram à tona alguns dos nossos problemas, e não compreendemos a troca que Errol Brain fez, subindo Pedro Leal para a formação e tirando José Pinto – que mais uma vez esteve muito bem no jogo com os avançados – e passando António Aguilar para a defesa.
Se a idéia era dar algum tempo de jogo a todos os elementos, então teria sido altura de manter a estrutura da equipa e substituir Gonçalo Foro, que fez um jogo excepcional, mas que denotava algumas óbvias dificuldades de recuperação física. As outras alterações nas linhas atrasadas só podem ter como justificação a vontade de dar um prémio a todos os jogadores, mas a verdade é que isso nos pode ter custado o quarto ensaio e o respectivo ponto de bônus, e nunca saberemos se mantida a estrutura da equipa os romenos teriam conseguido o ponto de bônus defensivo que levam na bagagem.
Ou seja, em vez da diferença entre as duas equipas ser, na tabela classificativa, de cinco pontos, ela é apenas de três.
Quanto aos avançados o que mais impressionou foi a decisão com que atacaram os carvalhos no seu ponto mais forte, não dando nem espaço nem tempo para eles se organizarem e ultrapassarem a linha de vantagem, obrigando-os mesmo a circular a bola pelas linhas atrasadas, que não tem competência para jogar a este nível e foram simplesmente dominadas pelos portugueses.
Numa equipa que esteve muito bem no seu geral, uma palavra para Vasco Uva na primeira parte e Julien Bardy na segunda, nos avançados, e para António Aguilar e José Pinto nas linhas atrasadas.
Agora os Lobos vão a casa dos Ursos, e a tarefa não vai ser nada fácil, apesar da vitória pouco expressiva que estes conseguiram frente à Espanha – os Leões – por 28-24, mas uma coisa é certa: a equipa está forte, com mobilidade e com muita vontade de fazer bem.
A continuação dos jogos apenas a pode fazer melhorar, e talvez fosse altura para Brain decidir pela chamada de um segundo médio de formação com rotina do lugar, pois em caso de lesão de José Pinto, com a entrada de Pedro Leal vai-se perder uma parte substancial da dinâmica dos nossos avançados.
De qualquer modo Errol Brain ganhou a aposta e pode mesmo dizer-se que acaba por ser a carta mais forte que a actual direção pode utilizar até este momento.
Parabéns a todos os envolvidos!
Foto: Miguel Carmo/FotoRugby.blogspot.com
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